A cistectomia é um desafio para qualquer cirurgião oncológico. Portanto, para o seu êxito, deve-se seguir etapas técnicas muito bem planejadas.
Nada adianta o paciente ser operado pelo melhor cirurgião, se a sua volta não existir uma equipe multidisciplinar. A cistectomia radical no homem consiste na remoção da bexiga, próstata, vesículas seminais. Além disso, a linfadenectomia estendida pélvica bilateral deve-se remover os gânglios aos redor dos grandes vasos da pelve.
Na neobexiga há a possibilidade da pessoa urinar de forma semelhante ao normal. Entretanto, até 30% destes pacientes não ficam 100% continentes, principalmente a noite. A cistectomia causa lesão neurológica por secção de nervos e também por que não é realmente uma bexiga. Como digo: nenhuma neobexiga é igual a bexiga que Deus nos concedeu. Assim, os incontinentes devem usar fraldas absorventes.
Há um período de 1 ano para que o organismo se adapte a neobexiga. O epitélio intestinal se transforma em urinário, mas nunca será como sua bexiga. O que proporciona a retenção urinária do reservatório é a preservação da inervação do esfíncter urinário voluntário. É constituído por músculos que retém a perda de urina, localizado ao redor da uretra. Acima de tudo, apenas casos bem selecionados são candidatos a neobexiga.
Na cirugia de Bricker, o paciente fica com uma derivação urinária incontinente. Uma bolsa coletora é colocada na região baixa do abdômen. A urina é coletada numa bolsa plástica transparente que é esvaziada quando atingir volume de 200 a 300 mL. O paciente esvazia a urina por uma pequena válvula que sai pela sua parte inferior da bolsa coletora. Não provoca cheiro e ninguém percebe que o paciente está usando esta bolsa, abaixo da sua roupa. Não é desconfortável e o paciente pode viver sua vida normalmente. A cada 3 dias, a placa que se fixa a pele e a bolsa devem ser trocadas. Saiba mais sobre a cirurgia de Bricker.
No início, todo paciente se assusta, mas depois percebe que se vive bem com a bolsa coletora de urina. Saiba mais sobre câncer de bexiga.
Estudos de qualidade de vida mostram satisfação de 70% dos casos em ambas formas de derivação urinária.
A cistectomia radical é considerada a mais complexa das cirurgias urológicas, pelos muitos detalhes técnicos para sua realização. Para seu êxito, há uma competente equipe multidisciplinar para que o sucesso seja alcançado. Não é apenas o cirurgião e sim, os componentes de toda equipe que são envolvidos. Portanto, vale a máxima: uma andorinha não faz verão. Para isto,todos juntos certamente seremos o melhor.
Nenhum paciente, tumor e anatomia humana é igual a do outro paciente, e por consequência, o cirurgião deve estar preparado para conhecer e julgar qual é a melhor tática para ser feito em cada situação.
Além disso, cada paciente é único, desde suas condições psicológicas até físicas. Aliás, o preparo psicológico pré-operatório tem enorme importância para o sucesso operatório.
O paciente deve participar ativamente durante todo o processo para sua eficiência. Pensamento positivo sempre deve estar presente, mesmo nos momentos difíceis durante a operação. Deve-se estar 100% motivado para se atingir o sucesso. A palavra de ordem é: sei que vou vencer! Em primeiro lugar é fundamental que saibamos quem é o paciente que vamos operar. O conhecimento da sua condição clínica, é crucial no planejamento pré-operatório. Uma avaliação realizada por um ou mais médicos especialistas deve ser realizada, do sistema cardiovascular e das doenças associadas. Assim, a compensação clínica pode garantir um pós-operatório mais tranquilo.
Todos remédios devem ser usados até a cirurgia, sendo que apenas os anticoagulantes devem ser suspensos antes da operação e os demais, de maneira geral são usados até a noite ou manhã da cirurgia. Deve-se respeitar jejum de 8h.
Antigamente realizava-se um preparo intestinal com antibióticos e lavagens intestinais, que por muitas vezes traziam mais problemas e desgaste ao paciente que propriamente ajuda verdadeira. Hoje é usado um enteroclisma (lavagem intestinal) e antibioticoterapia antes da cirurgia. A tricotomia, raspagem dos pelos, é realizada na sala da cirurgia, seguida de degermação da pele, antissepsia e colocação dos campos.
O tratamento do paciente começa na recepção hospitalar. Ambiente gentil e acolhedor são fundamentais. Desde o começo até a alta hospitalar deve ser regido por cordialidade e aconchego. Afinal de contas, você é o mais precioso bem a ser tratado. Simplesmente, estamos fragilizados na doença e temos que ter ajuda para superar o desconhecido. Cada passo de ser explicado ao paciente que deve entender e colaborar com os procedimentos. Desta maneira, na realidade há a necessidade de que a equipe multidisciplinar esteja bem treinada para que possamos vencer seus obstáculos. Cada um tem papel primordial! Portanto, uma equipe experimentada em cirurgia de alta complexidade é absolutamente importante para o sucesso. Entenda como reduzir as complicações em cirurgia de grande porte.
A tecnologia faz com certeza, diferença. Improvisações não são bem vindas. Uma equipe de anestesia com equipamentos de alta tecnologia devem ser utilizados para monitoramento durante a cirurgia, desde a indução anestésica até o seu término. A hidratação durante a cirurgia é fundamental. Geralmente, os pacientes submetidos a esta cistectomia são mais idosos e portanto exigem maior conhecimento médico por parte dos anestesistas. Assim, mesmo um paciente com mais de 80 anos pode ser submetido a cistectomia com sucesso.
Uma anestesia para cada idade e performance clínico do paciente norteiam o tipo de anestesia, desde os cuidados do acesso venoso e/ou arterial até a monitorização dos vários órgãos. Drogas modernas devem ser utilizadas para minimizar efeitos colaterais. Assim é feita a Medicina de alto nível. O anestesista que mantiver as condições fisiológicas do paciente durante a cirurgia, como aquecimento corporal, controle respiratório e neurológico, uso ideal de drogas anestésicas, com certeza garantirá uma melhor recuperação pós-operatória. As inovações na anestesia tornaram-na mais segura.
Desta maneira, serviços médicos bem estruturados, nos melhores hospitais do mundo, têm protocolos da rotina para realizar cirurgias de grande porte, como a cistectomia radical.
A equipe multidisciplinar faz a diferença para que a evolução pós-operatória seja a mais tranquila e previsível possível. Sempre ocorrerão ajustes clínicos, seja no pré, intra e pós-operatório. Entretanto, cada dia de pós-operatório é um dia.
Três profissionais tem relevante papel neste cenário de tratamento:
1. o enfermeiro,
2. o fisioterapeuta,
3. a nutricionista,
Como vocês percebem não é só o médico e sim toda equipe que trabalhando juntos vão proporcionar o êxito. Desde o mais simples até o mais graduado dos profissionais devem estar engajados pelo sucesso. Percebam como a estrutura precisa estar coesa e deve funcionar como relógio suíço. Portanto, outros médicos especialistas podem ser convocados para ajudar na resolução de algum desvio no pós-operatório.
A cistectomia pode promover a cura do nosso paciente. A sua curabilidade é dependente da extensão local da doença e do grau de agressividade da neoplasia, ou seja estadiamento da doença e grau de diferenciação da neoplasia. Quanto menor estes dois fatores, maiores serão as chances de curabilidade. Saiba mais em: http://www.auanet.org/guidelines/muscle-invasive-bladder-cancer-new-(2017)
Muitos avanços ocorreram nos últimos anos e sempre são introduzidas melhorias para que o sucesso seja atingido com mais facilidade. Ainda há muito progresso por vir. Novas tecnologias serão introduzidas e talvez num futuro não muito distante, outras inovações serão empregadas, facilitando o tratamento dos pacientes submetidos a cistectomia radical. Por fim, vejam vocês que o sucesso é absolutamente dependente de toda equipe.
Contudo, caso você queira saber mais sobre esta e outras doenças do trato gênito-urinário acesse a nossa área de conteúdo para pacientes para entender e ganhar conhecimentos. São mais de 155 artigos sobre diversos assuntos urológicos disponíveis para sua leitura. A cultura sempre faz a diferença. Você vai se surpreender!
Referência
http://www.auanet.org/guidelines/muscle-invasive-bladder-cancer-new-(2017)
https://uroweb.org/guideline/bladder-cancer-muscle-invasive-and-metastatic/