Disfunção erétil

O tratamento da disfunção erétil passa pelo conhecimento da fisiologia da ereção. Quando se conhece sua etiologia, o tratamento é mais efetivo.

O conhecimento da fisiologia da ereção é essencial para o entendimento e tratamento da disfunção erétil (erectile dysfunction). A interação de fatores neurológicos, vasculares, hormonais, músculo liso cavernoso, drogas indutoras e psicológicos atuam no processo da ereção peniana.

Uma alteração de qualquer um destes fatores ou déficits parciais das vias podem determinar a disfunção erétil. Uma vez determinada a etiologia da disfunção erétil, o tratamento torna-se mais efetivo e objetivo.

A disfunção erétil é a incapacidade para atingir e manter uma ereção firme, suficiente para permitir a relação sexual.

Inervação peniana 

A inervação peniana é feita por nervos autônomos, que agem sem influência cerebral e por nervos que conduzem a sensibilidade. Além destes, os nervos motores que atuam nos músculos para realizar movimentos voluntários sob o nosso comando. É formado pelo plexo pélvico, parassimpático, hipogástrico, simpática e o pudendo, somático.

O plexo pélvico ou hipogástrico inferior é o ponto de encontro das nervos autonômicos genitais. É composto por fibras parassimpáticas provenientes das raízes nervosas sacrais. Estão localizados na coluna sacral, de S2 a S4 e nervo simpático das raízes nervosas simpáticas toracolombar. Este localizado na coluna torácica, de T11 a L2.

As fibras simpáticas e parassimpáticas formam o nervo cavernoso que inervam os corpos cavernosos.

Vascularização

O suprimento arterial do pênis é feito pelaa artéria pudenda interna, um ramo da artéria ilíaca interna. Por sua vez, a artéria pudenda interna se divide na artéria bulbouretral e dorsal do pênis.

As artérias cavernosas entram no corpo cavernoso e dão origem a muitos ramos, incluindo as arteríolas dos sinusóides cavernosos. As artérias dorsais superficiais cursam paralelas ao longo do pênis, penetrando ramos nos corpos cavernosos através da túnica albugínea.

A drenagem venosa dos peniana é realizado pelas veias emissárias localizados entre o corpo esponjoso e túnica albugínea dos corpos cavernosos. Estas veias formam a veia dorsal profunda do pênis e drenam para o plexo venoso da próstata.

Fatores de risco para disfunção erétil

A ereção e flacidez do pênis são regulados por relaxamento e contração da artéria e do músculo trabecular do corpo cavernoso. Qualquer condição que resulta em desequilíbrio entre eles pode levar a disfunção erétil. A doença oclusiva da artéria pudenda interna é causa importante de insuficiência arterial para o corpo cavernoso. Por isso, há menor disponibilidade de óxido nítrico endotelial, essencial para sua vasodilatação.

Os fatores de risco independentes da causa orgânica para disfunção erétil incluem:

  • Idade, doença coronariana, tabagismo, hipertensão arterial, dislipidemia, aterosclerose, doença vascular periférica, obesidade, diabetes, lesão da medula espinhal, medicamentos, insuficiência renal,
  • Além disso, doenças neurodegenerativas  como esclerose múltipla e doença de Alzheimer e
  • Tratamento do câncer de próstata podendo ser causada pela prostatectomia radical, hormonioterapia e radioterapia.

Disfunção erétil neurogênica

A disfunção erétil neurogênica ocorre quando há lesão da inervação dos corpos cavernosos. A lesão pode ser dos gânglios pélvicos, neurônio motor inferior ou medula espinhal e cérebro. A perda da inervação causa incapacidade do músculo liso cavernoso relaxar para permitir fluxo de sangue para o pênis. Além disso, a denervação provoca remodelação irreversível dos corpos cavernosos, incluindo a morte, apoptose do músculo liso e fibrose. Por isso, o corpo cavernoso se torna menos complacente e incapaz de responder a sinalização neurológica.

A neuropatia autonômica é uma das principais causas da disfunção erétil em diabéticos. É causada por desmielinização progressiva dos nervos periféricos, incluindo a dos nervos dos corpos cavernosos. Os diabéticos são pelo menos três vezes mais propensos que não-diabéticos para desenvolver disfunção erétil. Por isso, pode chegar a 75% e em idade precoce. Além deste razão existem os efeitos vasculares do diabetes.

As causas mais comuns das lesões neurológicas são cirurgias pélvicas, diabetes, lesões da medula espinhal e envelhecimento.

A lesão na medula espinal causa defeitos na função erétil, ejaculatória e reprodutora. Por isso, a lesão medular pode ser por trauma, hematoma, tumor ou disco intervertebral e isquemia das artérias vertebrais. Saiba mais sobre fratura de pênis em: https://www.drfranciscofonseca.com.br/fratura-de-penis-pode-ocorrer/

Prostatectomia radical

A prostatectomia radical causa impotência sexual em 25-75% dos pacientes. A extensão da lesão da banda neurovascular na cirurgia define a gravidade da disfunção erétil. Portanto, a expertise do cirurgião faz toda diferença para sua manutenção. Saiba mais em: https://www.drfranciscofonseca.com.br/e-possivel-melhorar-a-potencia-sexual-apos-a-prostatectomia-radical/

Síndrome metabólica e disfunção erétil

A síndrome metabólica é um distúrbio que está associado com risco de doença vascular. Segundo os critérios da OMS, ocorre quando estão presentes 3 dos 5 critérios abaixo:

  1. Obesidade central ou seja, circunferência da cintura superior a 90 cm na mulher e 100 cm no homem,
  2. Hipertensão arterial igual ou superior a 130/85 mmHg,
  3. Glicemia maior ou igual a 100 mg/dl,
  4. Triglicerídeos maior ou igual a 150 mg/dl,
  5. HDL-colesterol menor que 40 mg/dl em homens e menor que 50 mg/dl em mulheres.

O tratamento da síndrome metabólica é feito pela modificação da dieta, exercício e perda de peso. Desta maneira, melhorou a ereção em vários estudos controlados. Desta maneira, pode inclusive melhora seu estado geral e sobrevida por freiar o avanço de doenças prejudiciais a saúde.  Assim, há evidências que a disfunção eréctil pode ser manifestação precoce da doença arterial coronária e periférica. Por isso, é um sinal de alerta de doença cardiovascular.

Doenças endócrinas

As doenças endócrinas são relevantes para a impotência sexual, como hipogonadismo, deficiência de testosterona, hiperprolactinemia por supressão da secreção de hormônio luteinizante. Este hormônio estimula a produção da testosterona nos testículos. A hiperprolactinemia pode estar associado com adenoma ou medicamentos que aumentam a prolactina. Por isso, ela pode interromper  a produção de testosterona, causando perda da libido. Além disso, hipotireoidismo por supressão da secreção de LH, hipertireoidismo por estar associado ao hiperestrogenismo e o diabetes.

Uso de medicamento

O uso de medicamentos tem sido associada com disfunção erétil em até 25% das apresentações clínicas. Assim, as drogas mais implicadas na disfunção erétil são:

  • os anti-hipertensivos (diuréticos tiazídicos e espirolactona, bloqueadores beta-adrenérgicos, enzimas inibidoras da conversão de angiotensina),
  • drogas psicoterapêuticas (inibidores seletivos da recaptação de serotonina, antidepressivos tricíclicos, benzodiazepínicos, antipsicóticos e fenitoína).
  • Outros fármacos como anti-androgênios (inibidores da 5-alfa redutase, agonistas ou antagonistas do LH-RH, anti-andrôgenios (ciproterona, flutamida e bicalutamida),
  • drogas para úlcera péptica (bloqueadores H2), agentes citotóxicos, opiáceos, digoxina e
  • drogas recreativas (álcool, maconha, cocaína, heroína).

A história do uso de medicamentos, incluindo suplementos e ervas, é essencial para avaliar a disfunção erétil. Portanto, os medicamentos podem afetar a resposta sexual, incluindo desejo sexual, excitação e orgasmo. Por isso, podem exercer efeitos secundários sobre a função erétil.

Sintomas urinários

Os sintomas do trato urinário inferior são comuns em homens mais velhos, assim como para  impotência sexual. Um estudo prospectivo mostrou aumento de 40% no risco de disfunção erétil nestes homens. Vários especialistas teorizam que pode haver mecanismos patogênicos comuns que ligam disfunção erétil e os sintomas urinários do trato inferior. Desta maneira, causa diminuição do óxido nítrico, aumento do tônus dos receptores alfa-adrenérgicos pélvicos (piora a ereção) e doença vascular.

O tratamento da disfunção eréctil, com inibidores da fosfodiesterase 5 diário, melhora os sintomas urinários em comparação com placebo.

A tadalafila e a sildenafila é o tratamento de primeira linha da disfunção erétil. Contudo, eles melhoram os sintomas obstrutivos urinários da hiperplasia benigna da próstata. Saiba mais sobre as soluções da disfunção erétil em: https://www.drfranciscofonseca.com.br/disfuncao-eretil-tem-solucao/

Por fim, o fator psicológico

Os fatores psicológicos que prejudicam a função erétil interferem negativamente na qualidade da ereção. Por isso, a ansiedade libera adrenalina, que age negativamente na ereção. Portanto, os muito problemas psicológicos contribuem para disfunção erétil, como fator principal ou secundário. Desta maneira, a terapia sexual pode ser efetiva para melhora da disfunção erétil. Além disso, práticas de Yoga e artes marciais como Tai-shi-chuan ajudam na ejaculação precoce e disfunção erétil.

Saiba mais em: http://www.auanet.org/guidelines/male-sexual-dysfunction-erectile-dysfunction-(2018)

https://uroweb.org/guideline/male-sexual-dysfunction/

Por tudo isso, o entendimento da causa é determinante crucial para o planejamento terapêutico da disfunção erétil.

Contudo, caso você queira saber mais sobre esta e outras doenças do trato gênito-urinário acesse a nossa área de conteúdo para pacientes para entender e ganhar conhecimentos. A cultura sempre faz a diferença. Você vai se surpreender!

Referência

http://www.auanet.org/guidelines/male-sexual-dysfunction-erectile-dysfunction-(2018)

https://uroweb.org/guideline/male-sexual-dysfunction/

https://www.drfranciscofonseca.com.br/e-possivel-melhorar-a-potencia-sexual-apos-a-prostatectomia-radical/