freio do prepúcio

Freio do prepúcio e sua importância

Freio do prepúcio tem a função de dobrar a glande quando o pênis está em ereção para atingir o colo uterino e se ejacular para a valécula vaginal posterior.

O freio do prepúcio dobra a glande quando o pênis está em ereção para atingir o colo uterino e o ejaculado sai para a região posterior da vagina. Portanto, o freio não deve ser seccionado na postectomia, exceto se houver indicação precisa, como quando ocorrer dor durante a ereção. Vamos explicar isso melhor neste artigo.

Quando aprendemos a realizar postectomia

Ainda quando iniciava meus estudos na Cirurgia Geral, sempre aprendi que deveria remover o freio do prepúcio na cirurgia de postectomia.

A um certo tempo da minha formação não entendia se estava realmente correto remover o freio do prepúcio. Procurei nos livros e nos artigos relacionados sobre o tema. Qual é a função do freio no prepúcio? (brake foreskin). Entretanto, nada relevante encontrei. Sem nenhuma explicação para explicar sua função, se é que tinha alguma. Então, do nada achei a explicação. O pior, se você me perguntar onde acho, não vou saber te dizer. Não me lembro, mas cheguei enfim a resposta que tanto queria. Saiba mais sobre a circuncisão.

No nosso dia devemos sempre nos questionar se o que é considerado certo, está realmente certo. As vezes em cirurgia, o que achamos pertinente não deve ser realizado. Estamos fazendo o mais correto para a manutenção da função do órgão?

O que Deus criou por vezes nos deixa perplexo na sua simplicidade e profunda razão para a sua extrema simplicidade funcional.

Vivemos constantemente estudando para entender os mistérios do corpo humano. Nós, as vezes menosprezamos o que parece simples. Muitas vezes ouço dos pacientes que a postectomia (postectomy) é uma cirurgia simples e que podemos realizá-la em qualquer lugar. Contudo, ledo engano, isto simplesmente não é verdade. Por incrível que pareça há muitos cuidados para que a postectomia seja realizada com sucesso e cosmeticamente bem realizada.

A cirurgia pode causar complicações sérias decorrentes deste procedimento. Além disso, pode inclusive provocar danos locais e sistêmicos irreparáveis. Por este motivo, o ato médico deve estar alinhado com conhecimento científicos apurados.

Da anatomia a fisiologia

A anatomia favorece a fisiologia. O pênis é um órgão com suas peculiaridades funcionais. A ereção é atingida rapidamente quando há excitação sexual.

A ereção que ocorre durante o sono é fisiológica. Na fase REM do sono sonhamos e a ereção pode durar até 2 horas. Esse momento é fundamental para a fisiologia do corpo cavernoso. Desta maneira, ocorrem as trocas bioquímicas que vão oxigenar e restaurar a intimidade das células dos lagos venosos dos corpos cavernosos. Portanto, este evento ocorre sem que se tenha memória, simplesmente por que ocorre na fase mais profunda do sono. Assim, o pênis tem atividade erétil diária.

A diabetes é a doença que mais predispõe a dificuldade eréctil, mas outras doenças como a hipertensão arterial também são causas da disfunção erétil. Drogas usadas para tratar diversas doenças podem ter efeito deletéria a função eréctil (erectile function).

Função do freio do prepúcio

O freio do prepúcio peniano tem papel funcional durante o processo da ereção e repouso peniano. No repouso o freio retrai a glande para que o prepúcio recubra a glande, deixando-a protegida da exposição externa. Desta maneira, impede a transformação epitelial da mucosa da glande e do prepúcio para um epitélio estratificado, ou seja, pele. Essa transformação não é boa, pois causa diminuição da sensibilidade prepucial durante a ereção.

Em ereção, a glande modifica seu posicionamento. O meato uretral fica voltado para baixo, pela inelasticidade do freio prepucial. Por isso, o dorso da glande é a que vai ter contato com o colo uterino durante a penetração.

Então, o colo uterino se posiciona aos 45 graus em relação a vagina. A curvatura da glande proporciona o contato da sua área mais macia com a estrutura delicada do colo uterino.

Por outro lado, quando ocorre a ejaculação, o sêmen é eliminado no fundo de saco posterior da vagina. Entretanto, só posteriormente os espermatozoides sobem pelo canal cervical para dentro do útero e trompas ao encontro do óvulo, para a sua fertilização.

Quando se realiza a frenuloplastia, o meato uretral fica retificado e vai de encontro ao colo uterino durante a penetração. Por isso, pode sofrer traumatismo e consequente lesão do meato uretral. Por consequência, pode evoluir com estreitamento do meato uretral. O jato miccional torna-se afilado pela obstrução. Em casos severos pode causar dano ao trato urinário, da bexiga até os rins. Dá para imaginar que isso possa acontecer?

Indicações da frenuloplastia

Esta anatomia particular tem clara implicação na fisiologia. Desta forma, apenas em situações especiais devemos indicar a frenuloplastia. A indicação mais precisa ocorre no freio considerado curto e causador de dor durante o coito. A sua complementação cirúrgica deve ser avaliada quando ocorre ruptura parcial, com sangramento local após um coito. As vezes, não se precisa realizar a frenuloplastia, pois o paciente não terá dor após sua completa cicatrização. Então, a curvatura pode ficar amenizada. Deve-se observar a evolução do quadro e discutir com o paciente sobre sua complementação.

Todavia, após se analisar ao exame físico do freio e do prepúcio pode-se ter uma ideia melhor sobre como devemos proceder, que tipo de cirurgia pode ser indicada. O exame físico, portanto, vai indicar a melhor conduta cirúrgica. Em algumas situações específicas realiza-se uma plástica prepucial para se obter o alongamento desejado do freio. Assim, pode-se resolver a dor durante o coito e manter o freio intacto, simplesmente realizando o alongamento do freio.

Dito isto, portanto, “não devemos realizar a frenuloplastia sem absoluta convicção da sua necessidade”.

Finalizando, baseado nestes fatos, o freio do prepúcio não deve ser simplesmente seccionado. Desta forma podemos realizar a postectomia, sem que precisemos realizá-la como parte do procedimento, mas apenas quando estiver indicada. Portanto, o exame médico é fundamental para se opinar sobre a melhor conduta a ser tomada.

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Referência

http://www.auanet.org/guidelines/circumcision