RTU da próstata - Cuidados operatórios

RTU da próstata, os cuidados no pré e pós-operatório são fundamentais para o sucesso da cirurgia endoscópica, podendo evitar importantes complicações.

RTU da próstata, os cuidados no pré e pós-operatório são fundamentais para o sucesso da cirurgia endoscópica da próstata, podendo evitar importantes complicações. Saiba os sinais e sintomas do HPB e se você urina bem.

A ressecção endoscópica da próstata ou RTU da próstata é a cirurgia padrão ouro para tratamento da hiperplasia benigna da próstata (HPB).

Antes da cirurgia de próstata, o paciente deve realizar exames laboratoriais e a avaliação com cardiologista é sempre recomendada.

Caso se detecte problemas clínicos relevantes, deve-se encaminhar para especialistas para avaliação antes cirurgia.

Nesta cirurgia, na suspeita de infecção do trato urinário, a cirurgia deve ser suspensa. Após o tratamento adequado com antibióticos, pode-se realizar a RTU da próstata. Contudo, se o paciente esteja sondado, deve-se instituir antibioticoterapia para melhorar as condições locais de contaminação do trato urinário. A presença da sonda vesical impede a resolução da infecção.

Em princípio, só se deve operar na ausência de infecção do trato urinário. Entretanto, apesar destes cuidados pode haver infeção intraprostática crônica. Estes casos são mais susceptíveis para disseminação da infecção na cirurgia, assim como estes pacientes podem evoluir com maior desconforto irritativo miccional no pós-operatório.

Mesmo assim, raros casos devem ser mantidos por longo tempo em profilaxia antibiótica para diminuir os sintomas.

Objetivo da cirurgia – RTU da próstata

O objetivo da cirurgia é deixar o fluxo urinário livre, sem dor e com tempo miccional curto.

A cirurgia eletiva deve ser realizada sem riscos e deverá ter sempre ótima evolução no seu pós-operatório.

RTU da próstata – Cuidados pré-operatórios

Você deve levar na sua internação todos os seus exames realizados, pois estes também serão vistos pelo anestesista.

Os exames de ultrassom, tomografia e ressonância devem ser levados. As vezes, é avaliado no meio da cirurgia. Pode-se inclusive mudar a conduta no intra-operatório por discussão com médicos assistentes.

Sempre deve ter um mínimo de 8 horas de jejum para realizar a anestesia: seja raqui ou anestesia geral.

Remédios para hipertensão podem ser tomados pela manhã da cirurgia com um gole d’água, só para ajudar a deglutí-los. Os remédios para diabetes só serão tomados na véspera. Se usar remédios para urinar melhor, alfa-bloqueador, deve-se tomar na véspera da cirurgia para ter uma noite melhor de sono.

Na manhã da cirurgia é sempre recomendado tomar banho.

Não há necessidade da tricotomia e de enteroclisma ou uso prévio de laxantes.

RTU da próstata – Cuidados no pós-operatório imediato e mediato

Ao término da cirurgia, os pacientes ficam no repouso pós-operatório no centro cirúrgico. Os pacientes recebem alta para o quarto, quando estiverem estáveis e com saída do líquido da irrigação vesical claro. São vistos os sinais vitais, como pressão arterial, frequência respiratória e cardíaca.

Nesta cirurgia, os pacientes saem da sala de operação com uma sonda que é chamada de três vias.

  • Em uma via, é colocado água destilada dentro do balão da sonda para que impeça a saída da bexiga.
  • Na segunda, é infundido soro fisiológico contínuo para impedir que ocorra a obstrução da sonda por coágulos.
  • Na terceira, é a saída do líquido da irrigação e urina com sangue.

Apesar desta cirurgia não se ver corte cirúrgico externo, o corte interno ocorre na próstata. Assim, a próstata é removida em pequenos pedaços, por uma alça de ressecção do aparelho.

Quando a urina fica mais avermelhada, deve-se aumentar a infusão do soro fisiológico da irrigação para impedir que ocorra coágulos. Quer saber mais por que próstata cresce.

A ressecção endoscópica de próstata é aceita como tratamento de escolha em próstatas entre 30 e 80 gramas.

RTU da próstata – Complicações pós-operatórias

As complicações estão relacionadas com o tempo operatório. O tempo considerado ideal é de 50-60 minutos. Nesta operação se utiliza um aparelho de grosso calibre que passa através da uretra e se visualiza a prostática. A uretra passa por dentro da próstata e o aparelho pode ferir a uretra. Por isso, pode ocasionar a estenose uretral, ou seja, estreitamento da uretra. Pode vir a ocorrer lentamente, até 5 anos depois da cirurgia. Por isso, ele pode causar estreitamento na uretra, afilando do jato urinário. Por esta razão usamos com cuidado o aparelho na cirurgia para minimizar sua lesão.

A síndrome pós-RTU da próstata é causada por sintomas pela hiponatremia, por absorção do fluido de irrigação hipotônico utilizado na cirurgia. O risco tem diminuído para menos de 1,1%,  pela melhor tecnologia dos aparelhos e uso de líquidos de irrigação hiperosmolares. Os fatores de risco são: sangramento excessivo pela abertura de seios venosos, tempo de cirurgia prolongada, grandes próstatas e tabagismo.

Retenção por coágulos no pós-operatório

Retenção por coágulos da sonda durante a irrigação vesical. Uma cirurgia que acabe bem, deve apresentar uma discreta hemorragia, ou seja, urina cor de rosa, pois se realizou boa hemostasia da loja prostática. Entretanto, pode ocorrer desprendimento de coágulos da loja e por isso ter um novo sangramento, com ou sem coágulos.

A irrigação vesical com soro fisiológico deve entrar e sair da bexiga livremente e sem dor. Todavia, se isto não ocorrer, algo está errado. A sonda pode obstruir por coágulos. A sua desobstrução é imperativa.

A obstrução da sonda, causa dor pela distensão da bexiga. Nos magros, se vê da bexiga no baixo ventre. Porém, nos obesos pode-se sentir no abdômen inferior. Geralmente o paciente apresenta dor e/ou desconforto. Pode sair, durante a obstrução, urina pela uretra. Portanto, quando isso ocorre é claro que a sonda está obstruída por coágulos.

Nesta situação esvazia-se a bexiga para alívio da dor com seringa de 60 ml, que irá remover os coágulos. Uma vez resolvido o problema, o paciente continuará com a irrigação contínua. Algumas vezes, a sonda pode trocada por uma de maior calibre para saída dos coágulos. Entretanto, quando o coágulo se organiza, dificilmente se consegue remove-los. Nestes casos, o paciente deve ser novamente anestesiado para a evacuação dos coágulos.

O soro fisiológico de irrigação não pode ser parado pelo risco de formar coágulos. A hematúria sede aos poucos e os pacientes saem do hospital sem sonda.

Evolução após retirada da sonda vesical

Quando é retirada a sonda, geralmente no segundo dia, os pacientes podem sentir dor ao urinar. As vezes durante toda micção, mas na maioria dos casos, no seu final. A uretra está inflamada e a ardência no final da micção é causada pelo contato da bexiga com a próstata.

A dor ao urinar fica menor a cada dia, até desaparecer. Geralmente, ao término de uma semana, a pessoa já está bem, sem dor e sem urgência miccional. Entretanto, há casos de ardência por até mais de 1 mês. Ela depende de diversos fatores como tamanho e inflamação na próstata, além da energia usada na cirurgia.

Digo sempre: “você vai ficar bem em 1 mês e ótimo em 3”. A melhora ocorre progressivamente durante epitelização da próstata.

Na primeira visita, 7-10 dias depois da cirurgia é realizado exame de urina tipo I, com cultura e antibiograma. Desta maneira, neste exame é possível avaliar o grau de inflamação e infecção. Portanto, se tiver infeção do trato urinário, o paciente ainda recebe antibiótico específico.

O anatomopatológico pode ser: hiperplasia benigna da próstata, prostatite e adenocarcinoma da próstata. Este último, pode ocorrer em até 5% dos casos. Neste caso específico se pondera sobre a conduta: expectante, prostatectomia ou radioterapia.

A mortalidade pós-operatória desta cirurgia é 0,1-0,25%, síndrome pós-RTU da próstata menos de 0,1%, transfusão sanguínea 2,9%, incontinência urinária 2,9%, estenose do colo vesical 4,7%, estenose uretral 3,8%, disfunção eréctil 6,5% e ejaculação retrógrada em 65,4% em revisão da literatura.

A liberação para relação sexual ocorre após 1 mês da cirurgia, conforme a inflamação da uretra. Deve ser liberado quando o paciente estiver urinando sem dor e sem urgência. Todavia, o paciente pode ter uma discreta hematúria, que normalmente cede tomando mais água.

Complicações tardias

A ejaculação retrógrada não deve ser entendida como complicação, mas como uma alteração causada pela mudança da anatomia da próstata. A musculatura lisa involuntária fecha o colo vesical na ejaculação é destruído. Desta maneira, não mais prende o sêmen para que seja expulso no orgasmo. O sêmen vai para dentro da bexiga. Entretanto os pacientes  que vão ser submetidos a esta cirurgia já observam diminuição do ejaculado progressiva. O paciente diz: “agora eu tenho ereção, sinto prazer ao ejacular, mas não sai nada, ejaculo a seco”. Saiba mais sobre ejaculação retrograda. Entretanto, uma proposição técnica foi proposta para realizar a RTU com preservação da ejaculação. Estou realizando esta cirurgia para ver seus resultados e em futuro, quero mostrar seus resultados.

prostatotomia, realizada por via uretral, pode não causar a ejaculação retrógrada. Entretanto, só é indicada para portadores de HPB, com próstata menor que 30 gramas.

A disfunção eréctil pode ocorrer em RTU da próstata pequena. Os nervos da ereção passam na região lateral baixa da cápsula prostática. Assim, pode ser lesada pelo calor dissipado do bisturi elétrico na cirurgia. Saiba mais sobre disfunção erétil.

Cuidados após a alta hospitalar

O paciente deve evitar esforço físico pelo risco de sangramento no primeiro mês da cirurgia. Inclusive dirigir carro, mesmo que hidramático. A loja está sendo epitelizada e portanto, o esforço pode causar perda dos tampões dos vasos. Quando a hematúria for de leve intensidade, basta aumentar a ingestão de água para clarear o sangramento. Entretanto, se intensa e com coágulos pode-se retornar a irrigação vesical. Todavia, Se permanecer com coágulos pode ser anestesiado para esvaziar os coágulos.

Uma dieta rica em frutas e verduras, rica em fibras, favorecem o trânsito intestinal. Os alimentos laxativos, como ameixa e mamão, devem fazer parte da nutrição no pós-operatório. Eles facilitam a evacuação sem esforço.

A RTU da próstataquando bem indicada transforma a vida do paciente. O paciente fica com jato forte, desaparece a urgência e diminui as micções noturnas. A pessoa dorme melhor e acorda sem cansaço. A melhora da qualidade de vida é o que se almeja como objetivo da cirurgia.

Outros tipos de cirurgia

A melhora dos sintomas com RTU bipolar são comparáveis a ressecção endoscópica da próstata monopolar. Entretanto, os bipolares têm um melhor perfil de segurança.

Podemos realizar, a vaporização a laser que deve reproduzir resultados semelhantes. Procedimentos alternativos podem ser escolhidos em pacientes que estão recebendo anticoagulação. Pacientes com próstatas maiores de 80 gramas ou em uso de anticoagulantes, inclusive que não podem ser suspensos, devem ser operados com uso do laser (Green light e HoLEP: Homium laser). Caso queira saber mais sobre HoLEP . A RTU da próstata pode evitar dano no trato urinário trazendo benefícios a qualidade de vida aos pacientes.

Finalizando, quando bem diagnosticado o HPB, e se for o caso, a escolha da cirurgia, na maioria das vezes, quase não ocorrem complicações pós-operatória. O paciente tem sua vida melhorada enormemente na sua qualidade de vida, inclusive por dormir mais longamente, sem o incomodo de acordar por vezes a noite. O sono sempre revitaliza o organismo.

Contudo, caso você queira saber mais sobre esta e outras doenças do trato gênito-urinário acesse a nossa área de conteúdo para pacientes para entender e ganhar conhecimentos. São mais de 155 artigos sobre diversos assuntos urológicos disponíveis para sua leitura. A cultura sempre faz a diferença. Você vai se surpreender!

Referências

http://www.auanet.org/guidelines/benign-prostatic-hyperplasia-(2010-reviewed-and-validity-confirmed-2014)