Testículos pequenos. O que pode causar?

Testículos pequenos indicam que algo está anormal. Seu diagnóstico é essencial. Se tratado no momento oportuno, impede-se a progressão da lesão testicular.

Testículos pequenos significam que algo não está normal. As vezes, é normal um testículo ser um pouco menor que o outro. O testículo esquerdo é normalmente mais baixo que o direito em aproximadamente 85% dos homens. Assim, a dimensão do testículo normal é: comprimento de 4 a 5 cm, largura de 3 cm e profundidade de 2,5 cm. Portanto, o seu volume normalmente varia de 15 a 25 mL, com média da normalidade de 20 mL. Testículos pequenos deixam a bolsa testicular vazia.

Normalmente, os testículos devem estar na bolsa testicular ao nascimento. Nas crianças prematuras, eles costumam chegar na bolsa testicular na data prevista gestacional para a data do parto normal. Descida espontânea é rara depois de seis meses de idade. Saiba mais sobre testículo fora da bolsa e criptorquidia.

O testículo cresce por 6 meses após nascimento, fica estacionado até chegar a adolescência, quando o testículo atinge seu tamanho final no início da idade adulta. A lesão pode causar dano a produção de espermatozóides e/ou da testosterona. Portanto, o seu diagnóstico é essencial ao tratamento. Pode-se inclusive, se tratado no momento oportuno, impedir que progrida a lesão testicular para uma situação irreparável.

O hipogonadismo acomete 20-50% dos homens com mais de 50 anos de idade. Portanto, a deteriorização funcional dos testículos acontece com o envelhecimento. Nos casais que investigam infertilidade, 40-50% são detectados problemas nos homens e 30% destes não tem uma causa estabelecida (idiopática). Seja no envelhecimento ou em homens jovens, a testosterona sanguínea reduzida está associada a uma série de alterações metabólicas e de qualidade de vida. Portanto, pode ocorrer diminuição da massa magra, densidade mineral óssea, massa e força muscular, adiposidade, distúrbios cardiovasculares, diminuição da libido e função, humor alterado e fadiga.

Saiba mais em função da testosterona no organismo.

Causas dos testículos pequenos. As causas mais comuns são:

  • Testículos criptorquídicos (ocultos ou presentes dentro do abdômen)
  • Testículos distópicos (palpados, mas fora da bolsa escrotal)
  • Diminuídos pela varicocele. Geralmente é unilateral, a esquerdo, mas pode ser bilateral.
  • Testículos pequenos ou atróficos, uni ou bi, por traumatismo na bolsa testicular ou por doença infecciosa viral. A mais conhecida é a viral por caxumba. Pode ser bacteriana, mas esta afeta mais o epidídimo e posteriormente pode alterar a função testicular.
  • Testículos disgenéticos ou por erro embriológico no seu desenvolvimento.
  • Atrofia unilateral e/ou bilateral de causa indeterminada.
  • Uso de drogas citotóxicas ou radioterapia usadas para o tratamento do câncer. Mas, pode ser por uso de corticóides, cetoconazol
  • Doenças auto-imunes, crônicas como: auto-imunes, insuficiência renal e hepática, HIV. Em todas elas podem ocorrer infecções oportunistas no testículo, como tuberculose, lues e por fungos: blastomicose e criptococose.
  • Atrofia testicular ou testículos pequenos geralmente é causada por uso de anabolizantes androgênicos. Isso pode deixar você impotente e infértil.

Avaliação da função testicular

Pode ser avaliado a função testicular pela produção dos espermatozóides (fertilidade) e produção do hormônio masculino: a testosterona. A fertilidade é mais estudada nos homens que procuram saber sobre sua capacidade fértil. Nestes caso é solicitado inicialmente o espermograma. A vasectomia interrompe a passagem dos espermatozóides durante a ejaculação. Estes homens tornam-se inférteis.

Por outro lado, a testosterona é um importante hormônio para manutenção da fisiologia do organismo masculino, atuando de maneira direta no controle das proteínas, carbohidratos e lipídeos. Portanto, é fundamental para o perfeito funcionamento do metabolismo interno. A confirmação laboratorial do hipogonadismo é feita pela dosagem da testosterona total, livre, SHBG e testosterona biodisponível, além do hormônio luteinizante (LH). Nos inférteis deve dosar o hormônio folículo estimulante (FSH), relacionado com a formação dos espermatozóides. Com os resultados desses exames associados a história clínica pode-se realizar o diagnóstico da normalidade ou hipofunção do hormônio masculino.

Tipos de hipogonadismo

  • No hipogonadismo primário a testosterona está baixa e o LH está alto, ou seja, o testículo não está respondendo ao LH (causa primária, o testículo).
  • No secundário, o LH está baixo e portanto, não estimula o testículo adequadamente. Neste caso, a falha está ocorrendo no hipotálamo ou na adeno-hipófise, que produz o LH. Portanto, a falha é central. A adeno-hipófise é a glândula que controla as outras glândulas endócrinas do organismo.
  • Combinado

A testosterona é estimulada pela produção pelo hormônio proveniente da adeno-hipófise, chamado hormônio luteinizante (LH). Uma vez produzido a testosterona, ela inibi a produção do LH. Este ciclo ocorre cada 24 h, chamado de ciclo circadiano. A sua produção ocorre a noite e tem sua maior produção na madrugada. Vale ressaltar que nem sempre os testículos pequenos são hipofuncionantes. As vezes, têm função normal. Contudo, devem permanecer com função normal por menos tempo que os considerados de volume normal. Estes pacientes devem ser acompanhados pelo menos anualmente.

Cuidados com uso da reposição hormonal exógena (gel e injeções de testosterona)

A administração de testosterona exógena eleva os níveis séricos de testosterona para a faixa normal. Assim, este aumento da testosterona suprime o hormônio luteinizante (LH), resultando na redução da formação de células de Leydig, que produzem a testosterona e redução das concentrações de testosterona intratesticular. O nível de testosterona dentro do testículo é 80-100 vezes maior que o sérico (no sangue). Portanto, sua queda causa dano no ambiente normal intratesticular. Consequentemente, a administração de testosterona pode resultar na supressão da espermatogênese, tornando isso uma abordagem desaconselhável para melhorar o hipogonadismo em homens que desejam ter filhos.

Muitos casos podem ser tratados com a normalização da produção de testosterona, com a indução do aumento do LH por medicamentos que agem a nível central. Eles estimulam a produção do LH e portanto, aumentam a testosterona de forma natural. Além disso, ele faz retornar o nível alto da testosterona intratesticular, normalizando desta maneira a sua elevada testosterona dentro do órgão produtor da testosterona. Isto é absolutamente importante para a fisiologia normal dos testículos. Por outro lado, quando o paciente recebe a testosterona em forma gel para absorção subcutânea ou intramuscular, o testículo cessa a sua produção e pode inclusive causar sua atrofia.

Excelente resultado com o correção da varicocele

A varicocele é doença frequente que merece atenção pela sua frequência na população, em torno de 15-20% dos adultos. Todavia, se avaliada na adolescência ou início da idade adulta pode com sua correção cirúrgica normalizar seus efeitos danosos aos testículos. Pode inclusive melhorar o tamanho dos testículos pequenos e a função sobre os testículos pequenos. Normalmente a varicocele afeta o esquerdo em 90% dos casos, mas pode ser bilateral. Raramente, os testículos pequenos são bilaterais.

Saiba mais acerca da função da testosterona e como resolver a baixa de testosterona. Além disso, a testosterona tem importante papel no tratamento da diabetes mellitus e da obesidade masculina.

Uso de andrógenos anabolizantes

O uso de anabolizantes é motivo de grande preocupação no nosso meio. Cada vez mais jovens ficam animados com os benefícios musculares provocados pelo uso destas drogas. Entretanto, desconhecem completamente o que vai ocorrer em futuro próximo. Os malefícios podem ser extremos e até irrecuperáveis.

O uso dos anabolizantes, os esteróides androgênicos, produzem depressão da liberação de gonadotrofinas, seja por ação direta na glândula pituitária ou pela supressão do GnRH hipotalâmico. Portanto, há redução da secreção de gonadotrofinas, causando diminuição dos níveis de testosterona intra-testicular e periférica. Esta situação leva ao hipogonadismo hipogonadotrófico.  Clinicamente, manifesta-se com atrofia testicular, oligospermia, azoospermia e outras anormalidades espermáticas relacionadas a infertilidade. 

Alguns experimentam falta de libido, disfunção erétil ou mesmo ginecomastia. Além disso, pode ocorre efeitos na próstata, que incluem hiperplasia e hipertrofia (HPB) e possivelmente até indução mais precoce do câncer prostático.
O uso de esteróides andrógenos resulta em um estado de hipogonadismo hipogonadotrófico prolongado. Os níveis de gonadotrofinas (FSH e LH) após parar seu uso podem se recuperar após 13 a 24 semanas, enquanto a testosterona permanece reduzida até 16 semanas após a descontinuação de anabolizantes androgênicos esteróides.

Contudo, caso você queira saber mais sobre esta e outras doenças do trato gênito-urinário acesse a nossa área de conteúdo para pacientes para entender e ganhar conhecimentos. São mais de 155 artigos sobre diversos assuntos urológicos disponíveis para sua leitura e da família. A cultura sempre faz a diferença. Você vai se surpreender!

Referências

https://uroweb.org/guideline/male-hypogonadism/