A varicocele é a dilatação das veias do cordão espermático. Por ela passam as artérias, veias e linfáticos que nutrem os testículos e epidídimos. Portanto, na maioria dos casos é uma anomalia congênita. Estimando que até 20% dos homens são portadores de varicocele.
No geral, os pacientes não relatam sintomas e inclusive são pegos de surpresa pelo seu diagnóstico ao exame físico. São varizes do cordão espermático. O urologista suspeita do diagnóstico com um teste ao exame físico, pela palpação do cordão espermático ao sentir o enchimento das veias pela manobra de Valsalva. Ela revela aumento dos vasos como aumento da pressão abdominal ao obstruir com o dorso da mão a boca ao expirar sem deixar sair o ar.
Entretanto, existem doenças que podem causar a dilatação destas veias. Ocorrem na sua maioria por tumores volumosos, como os sarcomas. Estas neoplasias muito raras podem causar compressão da veia espermática que passa no retroperitônio, ou seja área anatômica que se encontra atrás do abdômen. Além disso, outros tumores que podem causar a varicocele secundária como os tumores renais ou da adrenal esquerda, que por ventura cresçam dentro da veia renal esquerda.
A veia espermática esquerda desemboca inferiormente na veia renal, e ainda trombos tumorais podem cresce dentro da veia cava, que é a principal veia do abdômen que retorna o sangue ao coração. A veia espermática direita desemboca na veia cava.
A varicocele não afeta a ereção.
Geralmente os pacientes portadores de varicocele não apresentam nenhum sintoma de dor testicular. Entretanto, nos casos avançados, as veias dilatadas são vistas na bolsa testicular. Poucos pacientes referem dor quando realizam exercícios físicos vigorosos, mas isto é uma exceção.
O diagnóstico pode ser feito durante exame físico de um adolescente, pois a dilatação das veias espermáticas geralmente aparecem na puberdade. Raros casos podem ser vistos em crianças.
Além disto, pode ocorrer atrofia testicular unilateral e bilateral. Por isso, o dano intenso dos testículos podem diminuir a produção de testosterona, com consequente implicações sistêmicas na saúde do paciente. A varicocele pode ser a causa de infertilidade masculina.
O diagnóstico geralmente é feito durante exame físico da genitália, pela visualização das veias dilatadas. Algumas vezes se observa que o testículo esquerdo é menor que o direito e mais amolecido. A varicocele pode causar dano a ambos os testículos.
Não há dor ao exame físico dos testículos. Por isso, quando ocorrer deve-se pensar que esteja ocorrendo outra anormalidade. Geralmente é causada por infecção crônica no epidídimo. Nestes casos se observa a expressão facial de dor ou que o paciente acuse dor ao exame físico.
A varicocele altera o espermograma por diminuição do número e mobilidade dos espermatozóides, oligoastenospermia. Por isso, é a principal causa de subfertilidade masculina. Entretanto, a varicocele pode não causar dano expressivo a qualidade dos espermatozoides. Portanto, muitos homens são pais, sem nunca saberem da existência da doença.
Quase todos mamíferos tem seus testículos fora do corpo. No homem, isso diminui a temperatura em torno de 2 graus centígrados que tem importância para produção dos espermatozóides. Existem outras teorias que procuram explicar o dano ao testículo. Pela varicocele pode ocorrer a chegada de metabólitos provenientes dos rins e da adrenal para o testículo. Assim, podem interferir na espematogênese (formação dos espermatozóides no testículo).
1. No grau I, as veias são pequenas e somente palpada sua dilatação pela manobra de Valsalva (aumento da pressão abdominal ao se soprar com o dorso da mão obstruindo a saída do ar pela boca) ou ser constatada durante o exame de Doppler.
2. Grau II, as veias não são visíveis na inspeção deitado, mas palpadas de pé.
3. Grau III, veias facilmente visíveis na visualização da bolsa testicular e ainda mais quando de pé.
O diagnóstico definitivo é hoje feito com ultrassom Doppler, que mede o tamanho dos testículos e das veias espermáticas. Quando se realiza a manobra de Valsalva se observa fluxo inverso venoso, ou seja, ao invés de subir, desce.
Os pequenos vasos do plexo pampiniforme do cordão espermático geralmente variam de 0,5-1,5mm em diâmetro.Portanto, dilatação destes vasos em mais de 2mm confirma o diagnóstico. Muitos casos são diagnosticados por investigação de casal infértil. Esta investigação deve começar após um ano do casal manter relação sexual sem uso de nenhum método anticoncepcional.
O tratamento da varicocele é cirúrgico. Se for do lado esquerdo, como geralmente o é, a cirurgia é feita por incisão inguinal sobre o cordão espermático. Nesta cirurgia são interrompidas todas as veias do cordão espermático. Se o Doppler mostrar varicocele bilateral, deve-se realizar bilateralmente. Isto ocorre em 10% dos casos.
Raros casos de varicocele causam dor. Portanto, não se deve operar um paciente com varicocele dizendo que sua dor será resolvida. Geralmente a dor é causada por outra doença concomitante. Este paciente deve ser investigado para diagnosticar a verdadeira razão da dor.
Após a cirurgia, acompanha-se o paciente com espermograma, realizados a cada 3 meses. Desta maneira, se verifica a melhora da qualidade do sêmen. Este tempo para se colher o espermograma é em decorrência do tempo para formação dos espermatozoides pelos testículos.
Pacientes subférteis com varicocele conseguem tornar-se pais em torno de 50% após a correção cirúrgica. Quanto mais jovens forem diagnosticados e tratados os pacientes, maiores serão as chances deste sucesso. Testículos muito diminuídos estão mais afetados e muitas células, as espermatogonias já foram destruídas. Ainda é possível se observar que os testículos aumentem de tamanho, tornando-se mais consistentes e firmes e mostrando portanto, clara recuperação.
Não existe nenhuma forma de prevenção, já que é uma anomalia congênita.
Os pacientes adultos que observarem aumento súbito do volume das veias no escroto devem procurar seus urologistas para investigação diagnóstica, pelo risco de serem portadores de uma neoplasia. Caso queira mais informação sobre o câncer de testículo.
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Referência
https://uroweb.org/guideline/paediatric-urology/
https://www.drfranciscofonseca.com.br/o-que-voce-precisa-saber-sobre-cancer-de-testiculo/
Higienópolis Medical Center –
R. Mato Grosso, 306 – conj. 1608