A vasectomia bilateral é indicada para esterilizar o homem. A finalidade portanto, é impedir que os espermatozóides sejam lançados na vagina durante a relação sexual. A vasectomia é uma forma altamente eficaz e segura de contracepção. Esta é uma forma de planejamento familiar muito usada pelos casais.
A vasectomia tem por objetivo obstruir os ductos deferentes que trazem os espermatózoides dos testículos e dos epidídimos. Portanto, devem ser obstruídos ambos deferentes. A luz do vaso deferente é invisível a visão e seu diâmetro varia de 0,2 a 0,7mm.
Os testículos estão alojados na bolsa testicular (escroto), como na maioria dos mamíferos. Nela portanto, estão situados os órgão envolvidos na reprodução, como testículo, epidídimos e cordão espermáticos. Portanto, a fábrica fica para fora do organismo, isto por que se deve ter 2-3 grau centrígrados menor que a temperatura do organismo para o bom desenvolvimento dos espermatozóides. No cordão espermático ocorre a troca de calor entre o sistema arterial e a rede venosa, chamada de plexo pampiniforme. Os epidídimos, local onde os espermatozóides são maturados, são localizados atrás e posteriores aos testículos. Os deferentes podem ser sentidos dentro do cordão espermáticos, por onde passam vasos sanguíneos, artérias e veias, e os linfáticos que nutrem os testículos. Portanto, a vasectomia tem por objetivo obstruir o ducto deferente bilateralmente.
As vezes, é normal um testículo ser um pouco menor que o outro. O testículo direito é normalmente mais baixo que o esquerdo em aproximadamente 85% dos homens. As dimensões do testículo normal: comprimento de 4 a 5 cm, largura de 3 cm e profundidade de 2,5 cm. O seu volume normal varia de 15 a 25 mL. Contudo, um testículo menor que 20 mL deve ser considerado pequeno. Nos pacientes portadores de varicocele geralmente o testículo esquerdo é menor que o direito. Saiba mais sobre a varicocele.
Pode-se medir, ou mesmo observar que apresentam um bom volume e assim compatível com a normalidade. Contudo, é possível investigar a presença da varicocele e também a consistência dos testículos. O testículo normal tem uma consistência firme e enquanto um testículo mais amolecido, pode-se estar diante de um testículo funcionalmente deficitário. Assim, pode prejudicar a produção de espermatozóides, de testosterona ou de ambos. Entretanto, as aparências podem enganar e testículos relativamente pequenos podem estar funcionalmente normais. Contudo, estes pacientes devem ser monitorados, pois podem entram em falência mais precocemente.
Testículos hipotróficos podem significar deficiência funcional. Para provar sua funcionalidade, pode-se lançar mão do espermograma e as dosagens dos hormônios do eixo hipotálamo-hipófise-testículos. Para tal pode-se dosar:
Os dois primeiros hormônios são produzidos pela adenohipófise e controlados pela liberação do hipotálamo.
Para cada idade a um valor de testosterona considerado normal. Existem tabelas que são consultadas para saber se a testosterona dosada esta dentro da normalidade para a idade do paciente. Entende-se que laboratorialmente o pacientes encontra-se em hipogonadismo ou com deficiência de testosterona quando a testosterona total é menor que 300 ng/dL e/ou com testosterona livre menor que 6,5 ng/mL.
Os espermatozóides são eliminados no orgasmo e na sua primeira emissão das contrações uretrais que expulsam o sêmen. No total do seu volume ejaculado, representa em torno de 1-2%. Desta maneira, é impossível perceber que após a vasectomia houve diminuição do volume do sêmen. Setenta a 75% do sêmen provêm das vesículas seminais, glândulas que se encontram atrás e acima da glândula prostática. Esta por sua vez, é responsável pela emissão de 20-25% do total do volume ejaculado. Pelo exposto fica também claro que o coito interrompido é absolutamente ineficaz para o planejamento familiar. Ainda mais, quando se percebe a ejaculação no orgasmo, já ocorreu a emissão do primeiro jato ejaculatório.
Existem três fontes arteriais no testículo: a testicular (artéria espermática interna), a artéria do ducto deferente e da artéria cremastérica (espermática externa). Ainda há uma conexão entre estas redes arteriais. Estes três vasos arteriais levam oxigênio aos testículos e portanto, são fundamentais para a funcionalidade das células que compõem o testículo.
As principais funções dos testículos são:
Uma está relacionada a manutenção da espécie e a testosterona a manutenção do vigor físico e mental do homem. Entenda as funções da testosterona em outro artigo.
A vasectomia deve ser feita para obstruir exclusivamente o ductos deferentes. O cirurgião deve ficar atento ao exame físico dos testiculos e pacientes com testículos hipotróficos devem ser operados com cuidado. Uma ligadura em massa do deferente juntamente com a artéria deferencial deve ser evitada. Pacientes com testículos hipotróficos podem estar com défict sanguíneo, e se este for o caso, esta ligadura provocará pior ao dano funcional dos testículos, inclusive sua atrofia. Quando se realiza uma vasectomia não é possível identificar a qualidade funcional das pequenas artérias do cordão espermático.
Normalmente a artéria testicular é a mais desenvolvida, mas nestes pacientes pode ser que seja até a causa dos testículos menores e portanto, a nutrição do testículo pode estar sendo feita pela artéria deferencial. Se ligada pode piorar em muito a função testicular. Se isso ocorrer pode ser a causa da piora da produção da testosterona e dar início ao hipogonadismo clínico. Isto causaria uma perda substancial a qualidade de vida e principalmente a normalidade fisiológica do organismo.
Raros casos são comprovados por casal que embora se tivesse feito prévia vasectomia ocorreu gravidez. Esta circunstância é extremamente constrangedora e causadora de desconfiança de fidelidade no casal. Isto ocorre mesmo ao se pedir o espermograma e este se mostra com ausência de espermatozóides, ou seja azoospermia. Contudo, durante o coito pequena e transitória recanalização entre os cotos dos deferentes podem se abrir, seja pela pressão do volume de espermatozóides no coto proximal do deferente ou mesmo por processos que permeiem a passagem dos espermatozóides nesta circunstância por melhora transitória da circulação durante o ato sexual.
A técnica recomenda a ligadura com fios cirúrgicos dos cotos do deferente. Conduto, pode-se criar mais dano quando seus cotos são cauterizados com bisturi elétrico e ainda pela invaginação ou sepultamento dos seus cotos. Nunca se deve transfixar os fios pelo deferente, pois isto propicia a recanalização dos cotos. O deferente tem luz milimétrica, só visto ao microscópio.
Sangramento na incisão cirúrgica, hematoma da bolsa escrotal (aumento por sangramento de lesão em um vaso durante a cirurgia), abscesso escrotal, atrofia testicular, dor crônica no local da ligadura dos deferentes, testículos sensíveis, recanalização do deferente (pode ocorrer em menos de 1% dos casos operados), ausência de um eferente por anomalia congênita, etc.
Concluindo, a cirurgia da vasectomia que se fala ser tão simples e rápida pode representar um enorme risco a saúde, se executada erradamente. Portanto, mesmo nas coisas mais simples existe muita ciência médica envolvida.
Contudo, caso você queira saber mais sobre esta e outras doenças do trato gênito-urinário acesse a nossa área de conteúdo para pacientes para entender e ganhar conhecimentos. São mais de 155 artigos sobre diversos assuntos urológicos disponíveis para sua leitura. A cultura sempre faz a diferença. Você vai se surpreender!
http://www.auanet.org/guidelines/testosterone-deficiency-(2018)