Ejaculação retrógrada -

Ejaculação retrógrada é processo fisiológico caracterizadas pela ausência de propulsão do sêmen pela uretra e por ser causa de infertilidade.

O que é ejaculação retrógrada?

A ejaculação retrógrada e anejaculação, ou seja ausência de ejaculação anterógrada são processos fisiológicos caracterizadas pela ausência de propulsão do sêmen anterógrada pela uretra. Portanto, não há sêmen na fase de emissão. Desta maneira, pode ocorrer pela ausência da eliminação anterógrada ou expulsão retrógrada do sêmen para a bexiga. Portanto, há infertilidade.

A pesquisa de espermatozoides na urina após a ejaculação confirma o diagnóstico clínico.

A ejaculação pode ser dividida em duas fases: a emissão e expulsão do sêmen. A emissão é provocada pela contração dos músculos no sistema genital. Seu inicio ocorre nas cápsulas dos testículos, epidídimos, nas vesículas seminais, na próstata e ductos deferentes. As vesículas seminais se contraem em movimentos peristálticos ou seja, em ondas. Assim, é liberando o fluido ejaculatório até a uretra prostática. Todas estas glândulas compõem o sêmen.

A ejaculação é um processo autônomo

Toda esta etapa do processo é involuntário, sob o comando do sistema nervoso autônomo simpático. O primeiro jato ejaculado é rico em espermatozoides, correspondendo a menos de 1% do total do volume ejaculado.

   A expulsão do sêmen ocorre também sob influencia do sistema somático por meio do arco reflexo neurológico medular.

A contração do esfíncter interno na uretra prostática impede a entrada de sêmen na bexiga. Durante o orgasmo, os músculos da região pélvica, o bulbo cavernosa e bulbo-esponjoso se contraem de forma rítmica e involuntária.

O esfíncter externo constituído de músculo estriado está abaixo da próstata. Ele se abre e fecha de forma coordenada com contrações. Assim ocorre a  propulsão do sêmen através da uretra. Estas contrações se repetem, expulsando o sêmen em jorros.

Estas contrações musculares são também reflexos do sistema nervoso simpático, sendo, portanto, involuntárias. As contrações rítmicas dos músculos pélvicos são iniciadas pela presença de sêmen na parte posterior da uretra.

Ejaculação retrógrada

Ela ocorre quando o homem relata que não eliminou o sêmen no orgasmo. A ejaculação é integrado por terminações nervosas do sistema motor e sensitivo, assim como pelo sistema autônomo simpático e parassimpático. Portanto é um mecanismo altamente complexo.

As secreções ejaculadas que formam o sêmen provem:

  • da glândula prostática (25-30% do volume ejaculado),
  • das vesículas seminais (65-75% do volume),
  • epidídimo e dos ductos deferentes (5-10%). Aí estão os espermatozoides.
  • glândulas bulbouretrais (1-2%).

Estas últimas estruturas transportam os espermatozóides produzidos nos testículos, maturados nos epidídimos. Ambos localizados na bolsa testicular.

Quando se ejacula, ocorre fechamento da uretra prostática na transição para a bexiga, local chamado de colo vesical. Portanto, toda secreção que chega na prostática. Assim, é eliminada por contrações, que se iniciam no colo vesical em direção a uretra distal.

Por que ela acontece? Quais as suas causas?

As causas da ejaculação retrógrada e da anejaculação são divididas em quatro grandes grupos:

  • neurogênicas,
  • farmacológicas,
  • uretral e
  • incompetência do colo vesical.

As neurogências são causadas por lesão da medula espinhal, esclerose múltipla, neuropatia autônoma (diabetes melitus), linfadenectomia retroperitoneal ou seja, cirurgia que pode ser usada no tratamento do câncer de testículo, simpatectomia e cirurgia aorto-ilícas, cirurgia colo-anal e doença de Parkinson.

Por uso drogas simpaticomiméticas, antidepressivos e antipsicotrópicos, álcool.

As anatômicas: estenose uretral, hiperplasia do veru-montano, ressecção do colo vesical em cirurgia de HPB, prostatectomia radical, entre outras.

Diagnóstico

As queixas clínicas podem ser a pista para o diagnóstico. Sinais e sintomas de baixa de testosterona, identificados por sintomas sistêmicos, como cansaço, pensamento lento, desanimo, piora do rendimento erétil, perda da libido e disfunção eréctil, diabetes. Além disso, doenças psiquiátricas, como depressão, doença neurológica por alterações sensoriais do intestino ou disfunção da bexiga pode ajudar no diagnóstico de disfunção ejaculatória. Mais ainda, vários medicamentos para tratamento de doenças comuns e principalmente as de causas neurológicas podem interferir na ejaculação.

O tratamento medicamentoso é a base do tratamento, embora apenas uma minoria responda. Para os não respondedores há uma variedade de técnicas de recuperação de esperma para ajudar na reprodução.

Uma causa natural ocorre com o crescimento benigno da próstata no envelhecimento ou HPB. As glândulas crescem ao redor da uretra e obstruem a passagem da  urina. No jovem representa 5% do seu peso. Com o envelhecimento, ela vai aumentando. Todavia, pode chegar até 90% do peso da próstata. O seu crescimento é individual, podendo ter caráter hereditário. Entretanto, pode ser influenciado por hábitos de vida, alimentares e doenças, como o diabetes. Saiba mais sobre a hiperplasia benigna da próstata.

Portadores de hiperplasia benigna da próstata geralmente relatam que estão ejaculando menos. Contudo, na verdade, está ocorrendo obstrução dos ductos que trazem as secreções para a uretra. Isto não é causado pela ejaculação retrógrada.

Cirugia para doença benigna da próstata

Em torno de 70% dos pacientes operados de HPB relatam que deixaram de ejacular. Assim, o líquido seminal cai na luz da loja prostática, pois há ampla comunicação da uretra com a bexiga. Entretanto, na prostatotomia, onde se faz duas calhas na próstata causa ejaculação em apenas 25% dos pacientes. Esta cirurgia é boa apenas para pacientes obstruídos por próstatas com menos de 30g. Saiba mais sobre cuidados pós-RTU de próstata.

Cirurgia para câncer de próstata

Pacientes submetidos a remoção radical da próstata são portadores de câncer localizado da próstata. Estes deixam de ejacular, pois a próstata e as vesículas seminais são removidas. Assim, relatam que tem orgasmo, porém ejaculam a seco, ou seja, sem sêmen.

Cirurgia do retroperitônio pode causar lesão neurológica dos nervos simpáticos e causarem a ejaculação retrógrada. Portanto, conhecer a anatomia e reconhecer estes filetes nervosos durante a cirurgia pode preservar a ejaculação. Entretanto, nas grandes ressecções de tumor, como cirurgia do intestino, massa de câncer do testículo podem causar anejaculatório permanente. Assim, várias cirurgias de doenças raras do abdômen e pelve podem causá-la. Em alguns casos, medicamento podem minimizar o distúrbio, desde que o colo vesical esteja integro.

O diabetes causa lesão neurovascular é pode causar ejaculação retrógrada em um terço dos casos. As vezes, o controle da glicemia pode restabelecer a ejaculação.

Drogas simpaticolíticas usadas no tratamento da HPB, hipertensão arterial, doenças neurológicas, antidepressivos e antipsicóticos podem causar anejaculação. As vezes, sua suspensão restabelecer a ejaculação.

Existe um fator de risco para este problema?

A obstrução do trato urinário inferior causada pela crescimento da próstata pode dificultar a ejaculação ou sua diminuição. Entretanto, remédios usados para melhor o fluxo urinário relaxam os músculos lisos de dentro da próstata e por isso, causam queda ou diminuição ejaculado.

Suspender seria a solução, mas estes pacientes estão obstruídos. Estes remédios causam distúrbios ejaculatórios de 5 a 8 vezes mais que nos pacientes não tratados. Da mesma forma, remédios que visam a redução da glândula causam problemas ejaculatórios em torno de 3 vezes mais. O paciente que usa ambos, o risco do distúrbios aumenta 3,5 vezes mais ao sem uso.

Doenças sistêmicas como o diabetes e o distúrbios metabólicos podem ser a causa. Mudança dietética e exercícios físicos podem ser a chave para melhora clínica.

O sexo é normal com este problema?

Alguns homens e também as mulheres podem se queixar por não estar sem ejaculação. Se houver integridade anatômica pode-se usar medicamentos que contraiam o colo vesical, mas alguns deles tem efeitos colaterais indesejados.

Deve-se reportar aos pacientes que vão ser submetidos a cirurgia de próstata que a ejaculação retrógrada pode ocorrer, como na RTU de próstataprostatectomia radical. Nesta última, inclusive pode ocorrer ejaculação de gotas de urina no orgasmo. Saiba mais sobre potência sexual após prostatectomia radical

Todavia, em próstata pequenas com HPB pode ser preservada se for feita prostatotomia. Nas volumosa maiores que 80 gramas pode-se indicar a adenomectomia, que preserva a mucosa uretral e desta maneira é possível sua preservação. Com HoLEP ou laser de ablação a ejaculação é preservada em apenas 30% dos pacientes. 

A ejaculação retrógrada acontece todas as vezes ou pode alternar entre com ejaculação normal?

Tudo depende da sua causa e se estiver sob influência do uso de remédio. Assim, sua suspensão pode revertê-la. Por outro lado, quando for causado por cirurgias ou problemas neurológicos geralmente são permanentes.

Quais os riscos que a ejaculação retrógrada traz para a saúde? Pode causar infertilidade?

A fertilidade é dependente dos espermatozoides. Se eles são produzidos e eliminados, existem soluções que podem resolver a infertilidade. Com ajuda laboratorial pode-se colher o sêmen e realizar uma fertilização assistida.

A presença do sêmen na urina não acarreta nenhum problema clínico. Entretanto, a acidez da urina pode causar dano funcional aos espermatozoides. A alcalinização urinária pode melhorar a qualidade dos espermatozoides para sua coleta.

Como é feito o tratamento?

O tratamento é aplicado conforme o diagnóstico da sua causa. Pode-se mudar drogas que estão sendo usadas para resolver outros problemas clínicos e restaurar a ejaculação. Entretanto, danos em diferentes níveis nas vias neurológicos podem ser permanentes.

As drogas mais usadas clinicamente são as simpaticomiméticas. A sua resolução parcial ou total pode chegar a 30% dos casos.

Pacientes com lesões neurológicas podem usar de técnicas com estímulos com probes estimuladores que podem estabelecer a ejaculação. Estes meios é usado no paciente que queira resolver a infertilidade do casal. Estes casos são vistos em clínicas especializadas em fertilização assistida.

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Referência

https://www.drfranciscofonseca.com.br/e-possivel-melhorar-a-potencia-sexual-apos-a-prostatectomia-radical/

https://uroweb.org/guideline/prostate-cancer/

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