Hidrocele - Doença da criança e do adulto
Na maioria das vezes, a hidrocele é uma doença congênita, mas pode ser adquirida. O acúmulo de líquido no escroto pode impedir a palpação do testículo.
Na maioria das vezes, a hidrocele é uma doença congênita, mas pode ser adquirida. A hidrocele é o acúmulo de líquido na bolsa testicular, entre a túnica albugínea parietal e visceral. Normalmente, há uma pequena quantidade de líquido entre estas túnicas que confere mobilidade por deslizamento, quando os testículos são palpados. Este líquido é produzido e absorvido pelas células das túnica albugínea.
Por isso, quando por algum motivo ocorre aumento da sua produção, o líquido vai aumentando dentro da bolsa testicular. Contudo, o aumento da hidrocele é lento. Os pacientes relatam que o testículo está aumentando de tamanho ou a mãe observa inchaço na bolsa testicular, intermitente ou constante. Saiba mais sobre hidrocele.
O crescimento da bolsa testicular pode ser exagerado a ponto de ficar maior que uma bola de futebol e causar desconforto para andar e realizar a exposição do pênis para urinar. As roupas podem mostrar o volume genital desproporcional e causar constrangimento social.
1. Sinais e sintomas
Pacientes com hidrocele geralmente não apresentam dor local. Entretanto, quando a hidrocele vai se tornando volumosa pode ocorrer desconforto ao cruzar a perna ou durante a relação sexual.
O diagnóstico é feito no exame físico, observando-se a distensão escrotal causada pelo acúmulo de líquido que deixa a bolsa testicular tensa. A quantidade de líquido pode ser tão exagerada que causa deformidade estética da bolsa.
Nas crianças, a mãe pode relatar que a bolsa testicular vai aumentando durante o dia, sendo maior no período vespertino para noite. Porém, ao dormir, o inchaço desaparece porque o líquido volta para a cavidade abdominal.
Pela manhã a bolsa testicular está normal. Nestas circunstâncias, chamamos de hidrocele comunicante. Estes casos ocorrem por que há uma comunicação com a cavidade abdominal. Portanto, quando o menino fica de pé, o líquido do abdômen desce para a bolsa testicular por este conduto, chamado de peritônio-vaginal, através da região inguinal.
Esta anomalia congênita está sempre associada a hérnia inguinal indireta ou seja, invaginação do intestino no saco herniário.
2. Diagnóstico
O diagnóstico é feito pelo exame físico da genitália, com visualização da bolsa aumentada, e pode ser uni ou bilateral.
Na hidrocele pequena pode-se palpar o testículo e epidídimo perfeitamente. Entretanto, se a hidrocele dor mais pronunciada, não é possível palpar o testículo para se observar suas características físicas.
Ao se realizar transiluminação com uma lanterna, o feixe de luz passa para dentro do escroto. Contudo, na presença de lesão sólida testicular, como na neoplasia do testículo, não acontece a transiluminação.
O diagnóstico definitivo é feito pela ultra-sonografia, que vai mostrar o conteúdo líquido e o aspecto do testículo e epidídimo. Algumas doenças que acometem o testículo e epidídimo podem cursar com hidrocele, principalmente nas causadas por infecções. Na maioria das vezes são precedidas de dor local. Doenças inflamatórias dos órgãos do escroto como epididimite, torção testicular, torção dos apêndices testiculares podem produzir hidrocele reativa. Estes casos merecem investigação diagnóstica da lesão primária antes de se instituir a correção cirúrgica.
Câncer de testículo e hidrocele
Doenças raras dos testículos, como a neoplasia do testículo pode estar associada com hidrocele. Por esta razão, a hidrocele sempre deve ser investigada previamente a cirurgia com ultrassom para se avaliar a integridade do testículo.
A visualização de massa intratesticular deve ser considerada câncer de testículo até prova do contrário. Além disso, raros casos mal definidos pela ultrassom podem ser avaliados pela ressonância nuclear magnética, para diferenciar inflamação de neoplasia.
Assim sendo, deve ser complementada a investigação com marcadores específicos para neoplasia testicular, como:
1. alfa-fetoproteína,
2. fração beta do hormônio gonadotrofina coriônica,
3. desidrogenase lática.
Este diagnóstico é fundamental para planejamento da cirurgia. Mais importante, no câncer de testículo, a abordagem cirúrgica deve ser obrigatoriamente feita por via inguinal pelo risco de mudança do caminho das metástases. Leia mais se quiser saber sobre câncer de testículo.
3. Tratamento
O tratamento na maioria dos casos é cirúrgico. Casos originados por infecção do trato genital ascendente, como as epididimites, devem ser tratados com antibióticos, pois pode ocorrer regressão da hidrocele.
Concluindo, a hidrocele de causa benigna pode ser abordado por via escrotal, com incisão na rafe mediana. Por outro lado, a causada por câncer de testículo deve ser abordada por via inguinal.
4. Prevenção da hidrocele
Não existe nenhuma forma de prevenção, já que é uma anomalia congênita na maioria dos casos. Contudo, casos que ocorrem no adulto jovem, dos 15 aos 39 anos, com testículo suspeito de massa deve-se afastar a presença de neoplasia primária.
Por isso, cuidado em considerar o crescimento da bolsa como epididimite aguda quando associada a hidrocele, ao invés de neoplasia testicular. Isto atrasa o tratamento da neoplasia pelo seu crescimento e por consequência, aumento do potencial para metástase ou seja, câncer que sai do seu lugar primário para outros órgãos a distância.
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Referência
https://uroweb.org/guideline/paediatric-urology/
https://www.drfranciscofonseca.com.br/sinais-e-sintomas-do-cancer-de-testiculo-tratamento/