Prevenção do cálculo renal

A prevenção do cálculo renal é feita com dieta e medicamentos. Na maioria das vezes, não é uma doença ligada a uma alteração renal e sim metabólica.

A prevenção do cálculo renal é feita com dieta e medicamentos. Na maioria das vezes o cálculo renal, não é uma doença ligada a uma alteração renal, e sim a uma doença sistêmica. Em decorrência dela, há precipitação de sais na urina e uma vez se cristalizando vão gerar o cálculo renal

Para entender como se forma um cálculo renal vale a experiência de colocar sal em um copo d’água transparente. No início você vai mexendo e o sal vai se diluindo. Porém, depois de uma determinada concentração, ele vai se depositando no fundo, ou seja, passou do limite de solubilidade. Assim, ocorre com a formação do cálculo.

A dor do cálculo renal é chamada de cólica nefrética ou renal

A dor renal pode ser insuportável e muitas vezes é tratada no pronto socorro. A cólica nefretica ocorre quando o cálculo migra pelo ureter, órgão que conduz a urina dos rins a bexiga. Normalmente, os cálculos pequeninos, menores de 5mm, causam mais dor do que os maiores. A contrações do ureter tenta expulsá-lo. A urina empurra o cálculo que está obstruindo sua passagem.

Estes cálculos saem espontaneamente em 90% dos casos, mas podem demorar até 20 dias para sua eliminação. Geralmente se movem rapidamente pelo ureter até a bexiga, sendo eliminados durante uma micção.

Estas contrações geram as temidas cólicas renais causada pela obstrução da urina no ureter e dilatação da cápsula renal. A dilatação da cápsula renal causa a dor.

Tratamento da dor

O tratamento da dor pela liberação da passagem da urina pelo ureter. Assim, são usados remédios que relaxam o ureter ou cirurgia para remover o cálculo.

Após sua expulsão ou se ainda houver cálculos deve-se discutir a sua profilaxia para impedir a recidiva do cálculo, ou seja, impedir que novos cálculos se formem ou aumentem.

Prevenção do cálculo renal pela dieta

Muitas vezes, mudanças da dieta pode ser a solução para impedir a litogênese, ou seja, a formação de cálculos renais. Muitas dos sais são produzidos pelo metabolismo celular e é excretado pela urina. Nesta produção não se pode atuar. Entretanto, pode-se diminuí-lo com dieta. O cálculo mais frequente é de oxalato de cálcio, visto em 70-80% dos casos.

Os cálculos renais podem ocorrer em qualquer fase da vida. Os maus hábitos alimentares podem ocorrer desde a infância. Crianças consumidoras compulsivas de salgadinhos colocam quantidades enormes de sal no organismo e são eliminados pelos rins. Pode causar cálculos pela cristalização do sal. O tratamento é a proibição do seu consumo e hidratação copiosa para dissolver os cristais de sal nos rins. Simples assim!

Não existe um tratamento dietético para tratar todos os tipos de cálculos renais. Na verdade, existem muitos tipos de cálculos e inclusive, os mistos. O primeiro passo do tratamento é descobrir do que é constituído cálculo renal. Deve-se realizar o exame laboratorial do cálculo para descobrir sua estrutura química. O exame de urina tipo I mostra o pH urinário, a densidade e pode inclusive detectar a presença de cristais. Além disso, os exames de imagem podem inferir sua constituição.

Princípios gerais da prevenção do cálculo renal:

  1. Beber mais água é recomendado. Pelo menos 2 litros de água. A urina deve estar amarelo claro, portanto, com boa hidratação. Portanto, deve-se aumentar a ingestão de água durante o dia.

Certas pessoas não sentem sede e devem beber água por serem formadores de cálculos. Por isso, devem colocar uma jarra de água em lugares da sua permanência, seja em sua casa ou trabalho. Com isso, você ficará bem hidratado. Quem urina frequentemente e sendo clara está bem hidratado. Esta medida vai reduzir em 15-20% a sua chance de formar um novo cálculo renal.

As pessoas que realizam exercícios como os atletas ou que trabalham em ambientes quentes devem aumentar sua hidratação.

A água é o maior diluente dos líquidos corporais, além de transportar os produtos finais do metabolismo celular. Portanto, beber água purifica nosso meio interno. Se você não gostar de água, beba outras bebidas que satisfaça seu paladar. Porém, não beba refrigerantes que são em sódio e açúcar. Alguns sucos são refrescantes e importantes para a prevenção da litogênese. O melhor é a limonada, rica em citrato e magnésio, que impede a litogênese.

A noite a urina se concentra e ao acordar a urina está mais concentrada. Portanto, beba um copo de água antes de dormir e se acordar para usar o banheiro, beba novamente.

O verão, a estação dos cálculos

O verão é a estação dos cálculos renais. O verão causa desidratação. A urina fica com pH baixo, aumenta a excreção do cálcio e diminui o citrato. Por isso, facilita a formação de cálculos de cistina, ácido úrico e dos cálculos com cálcio. A exposição ao sol aumenta a produção endógena de vitamina D, levando a hipercalciúria.

  1. Diminuir a ingestão de proteínas animais para reduzir a excreção urinária de cálcio, oxalato e ácido úrico. Neste sentido, deve-se reduzir as carnes de origem bovina, franco, porco e peixe. Os vegetarianos tem menos cálculos renais do que as que comem carne. Uma dieta pobre em proteína, normal em cálcio e baixa em sal diminui a excreção urinária de oxalato e cálcio. Assim, em combinação com o aumento da ingestão de água, há diminuição da saturação dos cristais na urina. Por isso, há redução na recorrência de litíase, e portanto das crises de cólica renal.
  2. Restrição a alimentos ricos em oxalato, em ordem por quantidade: espinafre, batata doce, beterraba, chocolate, cereais multigrãos, feijão verde, escarola, salsinha, ruibarbo, almeirão, manteiga de amendoim, amendoim torrado, nozes, chá e aipo.
  3. Ingestão de suco de frutas cítricas porque neutraliza a carga de ácido provenientes das proteínas.
  4. Atividade física e ingesta de líquidos. O exercício físico melhora a fixação de cálcio nos ossos. A imobilização prolongada tem efeito contrário, causa maior eliminação de cálcio e portanto, é uma importante causa litogênica.
  5. Ingerir dietas hipossódicas, ou seja, diminui o Na, Ca, pH e aumenta o citrato urinário.
  6. Aumente o teor de fibras

Fatores de risco para formação de cristais de oxalato de cálcio

Baixo volume de urina, excreção aumentada de cálcio na urina, maior excreção de oxalato e menor excreção de citrato urinário.

Alimentos ricos em oxalato incluem a beterraba, nabo, ruibarbo, morangos, espinafre, beterraba, batata doce, farelo de trigo, chá, cacau, pimenta, chocolate, salsa, espinafre, nozes e sucos citrinos. O consumo excessivo de vitamina C pode levar a hiperoxalúria, porque a vitamina C é convertida em oxalato. Saiba mais sobre tratamento do cálculo renal no Guideline. 

O cálculo de oxalato de cálcio é o mais comum dos cálculos renais

A limitação da ingesta de oxalato ajuda na redução para formar nova pedra de oxalato. Estudos indicam que comer e beber alimentos ricos em cálcio e oxalato é melhor do que limitar oxalato. Porque o oxalato e o cálcio se ligam no estômago e intestinos antes dos rins. Portanto, formam menos pedras nos rins. Apenas 20% dos pacientes com cálculo de oxalato de cálcio apresentam hiperoxalatúria, ou seja, aumento de oxalato na urina.

O oxalato de cálcio é o principal tipo de pedra dos rins. O oxalato é encontrado em muitos alimentos, incluindo frutas e legumes, nozes e sementes, grãos, legumes e no chocolate e chá. Alguns alimentos contêm altos níveis de oxalato: amendoim, ruibarbo, espinafre, acelga, beterraba, chocolate, chá preto e verde, soja e batata-doce.

O teor de oxalato de alimentos pode variar devido às diferenças na qualidade do solo e estado de maturação. Pode haver variação na dependência dos métodos usados para determinar o teor de oxalato nos alimentos.

O cálcio não é seu principal vilão!

Se você tiver cálcio alto na urina, a redução de sódio é útil para a prevenção de pedra. Em vez de se reduzir sua ingestão, o foco é limitar o sódio em sua dieta. Ao contrário, dieta pobre em cálcio aumenta o risco de desenvolver pedras nos rins. O excesso de sódio faz com que você perca mais cálcio na urina, logo, mais cálculo se formam nos rins.

Você deve limitar a 2.000 miligramas de sódio por dia. Existem muitas fontes ricas de sódio, como enlatados, bem como alimentos proveniente de fast foods. Estes alimentos devem ser abandonados. Evite a suplementação de vitamina C. Evite excesso de frutas por ser rico em frutose e se converter em ácido úrico e o excesso de álcool.

A ingestão adequada de proteína deve ser menor que 30% da ingestão calórica total.

Tratamento medicamentoso

Os níveis de vitamina D não devem ser menor que 20ng/mL. Caso contrário, você deve repor, pois níveis baixos aumentam a excreção do cálcio urinário, causador de osteopenia e osteoporose.

Os diuréticos tiazídicos podem ser usados quando você tiver um excesso de cálcio na urina.

Os homens com mais de 210g/mL de cálcio e mulheres com 275 na urina de 24 horas, deve-se restringir o sódio a 2 g/dia. Com isso, o excesso de cálcio é excretado. Uma boa medida é aumentar a ingesta de frutas cítricas, rica em citrato e magnésio.

O magnésio urinário, se for menor que 70 mg por dia, deve-se ser suplementado. Ele é importante para impedir a precipitação dos cristais na urina. O Mg compete com o Ca na urina. Portanto, se for oferecido mais Mg na dieta, vai ocorrer diminuição da precipitação de oxalato de cálcio. Portanto, impede que novos cálculos se formem. São fontes ricas em Mg, as verduras verdes, coco, sementes de abóbora, espinafre, acelga e oleaginosas, como castanhas-de-caju e amêndoas.

Cálculo de ácido úrico

A produção endógena do ácido úrico depende da síntese e do catabolismo celular, com produção de 300 a 400 mg/dia. A produção exógena é dependente da dieta, com média de 500 mg/dia e mais alta quando se consumir proteína animal. O ácido úrico provém do metabolismo das purinas. Ou seja, das bases nitrogenadas do ácido nucléico que formam o DNA, adenina e guanina. Dois terços do ácido úrico produzido é excretado pela urina e o restante pelas fezes. Saiba mais sobre cálculo ácido úrico.

O diabetes e síndrome metabólica estão associados a aumento da incidência de cálculo de ácido úrico. Possivelmente pela redução da amoniogênese e diminuição do pH urinário.

Obesidade

A obesidade causa lesão crônica nos túbulos renais, a chamada de lipotoxicidade renal. Ela predispõe a formação de cálculos de ácido úrico.

Aproximadamente 30% do ácido úrico urinário é devido a ingestão de purina. Portanto, deve-se restringir os grãos, álcool e a proteína para 150 a 200 mg/dia. O catabolismo protéico produz ácido úrico, independente da sua origem animal. A proteína do peixe produz maior quantidade de ácido úrico, em torno de 10% acima da bovina e do frango. Dieta restritiva de purinas pode reduzir os níveis de ácido úrico de 4,95 mg/dl para 2,95 mg/dl. Os crustáceos são ricos em purinas e sempre devem ser evitados.

O cálculo de ácido úrico, cistina e de oxalato de cálcio tendem a se formar na urina ácida. Entretanto, os de estruvita ou coraliforme e de fosfato de cálcio em urina alcalina.

As pedras nos rins são um fator de risco para doença renal crônica e progressão para insuficiência renal. As pedras predispõe para doença renal crónica por hipertensão, doença preexistente do rim, a diabetes, a proteinúria, albuminúria. Além de fatores não-tradicionais por como nefrite intersticial, pielonefrite crônica. Deve-se solicitar avaliação do nefrologista, pacientes com taxa de filtração glomerular menor que 60 ml/ minuto/1,73m2 ou se apresentar albuminuria.

As grávidas

As grávidas são duas vezes mais propensas a ter pedras de fosfato de cálcio do que as não grávidas. Além disso, duas a três vezes de cálculos de oxalato. A incidência de pedras aumenta durante a gravidez, no segundo e terceiro trimestre. As grávidas têm uma maior taxa de filtração glomerular e maior excreção de cálcio, com pH alto urinário. Assim, podem predispô-las a formação de pedras de fosfato de cálcio. Pedras nos rins na gravidez aumenta o risco de infecções do trato urinário. As grávidas com cólica renal tem quase o dobro do risco de parto pré-termo as sem pedras nos rins. Saiba mais sobre cálculo na gravidez.

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Referência

https://uroweb.org/guideline/urolithiasis/

https://www.drfranciscofonseca.com.br/bkp-2021/calculo-de-acido-urico/

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