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Complicações do câncer de próstata

As complicações metabólicas do paciente com câncer de próstata avançado acontecem em decorrência do seu tratamento. Seu tratamento adequado melhora a qualidade de vida.

Complicações metabólicas do câncer de próstata

O tratamento das complicações metabólicas dos pacientes portadores de câncer de próstata avançado é muito importante e melhora a qualidade de vida e sua sobrevida. A doença avançada acontece quando o paciente é portador de doença metastática, ou seja, o paciente tem lesões do câncer de próstata disseminadas pelo esqueleto, gânglios e/ou na fase mais avançada em vísceras (pulmão, fígado e cérebro).

 

O tratamento anti-androgênico no câncer de próstata avançado

As complicações metabólicas são causadas pela deficiência de testosterona extrema a que são submetidos estes pacientes. O nível de testosterona é frequente menor que 20 ng/mL em pacientes tratados com a terapia anti-androgênica. O seu nível considerado normal no nosso organismo deve ser maior que 300 ng/dL. Saiba como você pode minimizar as complicação do tratamento anti-androgênico. 

As complicações metabólicas da supressão da testosterona são ligadas principalmente a eventos musculo-esqueléticos, doenças cardiovasculares, diabetes mellitus e doenças neurovegetativas. Além disso, causam alterações significativas na qualidade de vida como: piora da qualidade da ereção, perda da libido, fadiga, ondas de calor (fogachos) entre outros.

 

Papel protetivo da testosterona no sistema cardiovascular

O nível de testosterona normal ao longo da vida é fundamental para a vitalidade de muitos órgãos, inclusive do coração. Desta maneira, a testosterona promove a vasodilatação coronária e evidências científicas comprovam seus efeitos:
– A injeção de testosterona intracoronariana causa vasodilatação das artérias coronarianas
– Em homens com doença cardiovascular, o nível de testosterona normal prolonga o tempo de isquemia no teste de estresse
– Causa estabilidade da placa de ateroma das coronárias
– Testosterona tem efeito anti-arrítmico e redução do intervalo QT no eletrocardiograma
– Tem efeito favorável na composição corporal de diversos órgãos
– A baixa da testosterona em homens com doença cardiovascular é um marcador do aumento de mortalidade de todas as causas, inclusive das cardiovasculares.

 

A queda da testosterona no tratamento do câncer avançado de próstata causa obesidade

A uma relação direta do ganho de peso com a queda da testosterona, causada por importantes mudanças metabólicas que ocorrem na gordura corporal. Estes pacientes têm os seus efeitos clínicos comprovados por:

      • O ganho de peso após um ano do tratamento com a queda da testosterona é de cerca de 1,5 a 4kg e é maior em pacientes mais jovens e não obesos,

      • Aumento da gordura corporal total de até 9-11% e diminuição da massa corporal magra de 3-4%, e

      • Obesidade sarcopênica – obesidade abdominal está associada com redução da massa muscular e aumenta significativamente a mortalidade por todas as causas. A sarcopenia se refere a perda de massa muscular desses pacientes.

     

    Terapia antiandrogênica e dislipidemia

    A dislipidemia é comumente vista durante a terapia antiandrôgenica (causada pela deficiência extrema da testosterona). Por isso, este tratamento aumenta:

        • o colesterol total em torno de 10%,

        • o LDL em torno de 7%,

        • o HDL em torno de 8% a 10% e

        • os níveis de triglicerídeos em aproximadamente 26%.

      Assim, o tratamento com drogas anti-androgênicas aumentam o HDL, mas é necessário a presença da testosterona para o transporte reverso de colesterol da parede arterial para o fígado. Portanto, esta terapia causa um efeito líquido é pró-aterogênico.

       

      Síndrome metabólica e a terapia antiandrogênica

      As aberrações metabólicas da terapia antiandrogênica do paciente portador de câncer de próstata avançado são semelhantes, mas não idênticas, às da síndrome metabólica clássica. A sua prevalência é de 20% a 25% na população adulta. O hipogonadismo masculino é um fator de risco independente para síndrome metabólica, enquanto baixos níveis de testosterona e de SHBG podem prever a síndrome metabólica em homens.
      Nos pacientes tratados coma terapia antiandrogência por tempo maior que 1 ano a sua prevalência é maior, em torno 36% a 55%, independentemente da idade, raça e estágio do câncer de próstata.

       

      Uma das complicações metabólicas mais perigosa: A síndrome metabólica e sua definição

      A Federação Internacional de Diabetes define a síndrome metabólica na presença de 3 dos 5 critérios:

          • triglicerídeos elevados maior que 150 mg/dL,

          • reduzidos do HDL-colesterol menor que 40 mg/dL,

          • pressão arterial elevada sistólica maior de 130 mmHg e diastólica maior de 85 mmHg,

          • aumento da glicemia plasmática em jejum maior que 100 mg/dL (diabetes tipo 2)

          • obesidade central é definida pela circunferência da cintura maior que 94 cm nos homens e maior de 80 cm nas mulheres.

         

        Complicações metabólicas – Comorbidades comuns em homens com câncer de próstata não-metastáticos

        Em um estudo que avaliou 3.183 homens com câncer de próstata não-metastáticos as comorbidades comuns mais comuns foram as doenças cardiovasculares, as doenças reumáticas, diabetes mellitus, depressão, úlcera gastrointestinal, doença pulmonar obstrutiva crônica, doenças inflamatória intestinais e doenças hepáticas (cirrose). As doenças cardiovasculares incluem angina, insuficiência cardíaca congestiva, hipertensão, infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral.

        A mais frequente foi a cardiovascular com 51%, seguida das reumáticas com 20% e a terceira foi o diabetes com 9% e as demais com menos de 5%. Contudo, vários pacientes apresentavam mais de 1 ou 2 comorbidades. A sobrevida dos pacientes caem progressivamente dos pacientes sem comorbidades para os que apresentam uma ou mais. As vezes, estas doenças são mais importantes que a própria presença do câncer.

        Portanto, entender as comorbidades do paciente portador de câncer de próstata é essencial para iniciar um tratamento que também poderá provocar mais comorbidades ou até agravar as já existentes. Assim sendo, as vezes tratar com drogas menos agressivas e menos radicais, como os bloqueadores de testosterona periférica ou até mesmo não iniciar um tratamento, pode ser melhor do que tratar como mandam as normas recomendadas pelas sociedades urológicas. Portanto, o ótimo é inimigo do bom.

         

        A mais frequentes da complicações metabólicas. Risco e tempo da doença cardiovascular antes do início da terapia antiandrogênica em homens com câncer de próstata.

        Em um estudo com 41.362 homens com câncer de próstata tratados com terapia antiandrogênica versus comparação com o tempo em que o paciente recebeu algum tratamento para doença cardiovascular. O grupo controle foi pacientes sem câncer de próstata, mostrou:
        O risco de doença cardiovascular aumentou em 21% em homens que recebem agonista de GnRH (estes remédios baixam a testosterona para valores próximos de 20 ng/mL). Além disso, o risco de doença cardiovascular é mais alto nos primeiros 6 meses do tratamento anti-androgênico em homens que sofreram dois ou mais eventos cardiovasculares nos 6 meses que antecederam a terapia. O risco nestes pacientes é quase que dobrado. Os que tiveram um evento que aconteceram a mais de 1 ano, o risco fio igual aos pacientes sem doença cardiovascular.

        Portanto, a testosterona normal tem efeitos positivos benéficos na perfusão cardíaca, limiar isquêmico, limiar de exercício, débito cardíaco. Por outro lado, sua deficiência prejudica a função cardiovascular.

         

        Recomendações para pacientes em tratamento com antiandrogênios

            • Uso diário de aspirina prevent

          Em estudo com 10.422 homens com câncer de próstata não-metastático, os pacientes considerados de alto risco que receberam aspirina de uso diário apresentaram menor mortalidade câncer específica. Houve redução de 40% em comparação aos que não foram tratados com aspirina (HR = 0,60; IC95%, 0,37 a 0,97). Portanto, parece que a aspirina por causar inibição plaquetária tem atividade antitumoral. Assim, tudo indica que as plaquetas normais ativadas promovem a metástase do câncer através de múltiplos mecanismos.

           

          Obesidade e resistência a insulina

          A uma íntima correlação entre a obesidade e o desenvolvimento do diabetes. A obesidade abdominal está associada a complicações metabólicas, um estado crônico de inflamação, com aumento significativo de adipocitoquinas como o TNF-α, IL-6 e resistina. A terapia anti-androgênica diminui a sensibilidade à insulina em homens diabéticos em 12 semanas. Há um aumento plasmático da insulina de jejum de 26% e diminuição da sensibilidade à insulina em 13%.
          Nos dados do SEER, com 73.196 pacientes com câncer de próstata tratados com agonistas de GnRH apresentaram maior incidência de diabetes mellitus (HR 1,42), isto significa um aumentos de 42% em relação as pessoas não-diabética.
          Assim, a terapia anti-androgênica pode piorar o controle glicêmico e aumentar a HbA1c (Hb glicada) em diabéticos.

              • Metformina para prevenir a síndrome metabólica associada a terapia antiandrogênica

            Um estudo mostrou uma discreta melhora da sobrevida em pacientes com câncer de próstata que recebe Metformina. Contudo, um recente estudo em pacientes portadores de câncer avançado e que receberam terapia anti-androgênica foi feito, sendo que um grupo de pacientes não-diabéticos que receberam Metformina e outro grupo não. Todavia, este estudo não mostrou nenhum benefício do seu uso.

             

            Consumo de carne e o câncer de próstata

            As doenças cardíacas continuam sendo uma ameaça maior para muitos pacientes com câncer de próstata do que o próprio câncer. Alguns conhecimentos a respeito:
            Dieta mais saudável ao coração: menos carne e mais vegetais
            Algumas evidências de que a dieta pode influenciar o câncer de próstata
            Dieta com pouca gordura e vegana nos pacientes submetidos a vigilância ativa diminuiu o PSA em 4% comparado ao aumento médio de 6% no grupo controle
            Estudo MEAL: a dieta baseada em vegetais não notou melhora no PSA (7 porções de vegetais por dia vs 1 servindo legumes)
            O estudo Massa mostrou melhora do tempo de duplicação do PSA, aumentando o consumo de grãos integrais, leguminosas, vegetais verde e amarelo e diminuindo o consumo de proteína de origem animal e alimentos processados.

             

            Exercícios para superar as complicações metabólicas da terapia antiandrogênica

            Um artigo de metanálise de 15 estudos, com 1.135 pacientes com câncer de próstata em terapia antiandrogênica chegou as seguintes conclusões:
            O exercício pode melhorar significativamente a força dos músculos do membro superior e inferior, aumenta a tolerância ao exercício, ajuda a controlar sua massa gorda corporal, o índice de massa corpórea (IMC), diminui o colesterol e ajuda a manter a função sexual.

            Contudo, não foi observada diferença sistemática entre o treinamento de resistência e o exercício aeróbico.

             

            Concluindo acerca da complicações metabólicas

            Por isso, os médicos que tratam o câncer devem incentivar a atividade física, exercício físicos regulares, dieta saudável com diminuição do consumo de proteína de origem animal, controle de peso e parada do fumo em todos os pacientes em submetidos a terapia anti-androgênica durante o curso de seu tratamento. Use Aspirina Prevent.

            Além disso, o NCCN recomenda o uso de Cálcio (1000-1200 mg) diário, na dieta e com suplementação e também aporte de vitamina D3 (400-1000 UI) diário. Estas medidas devem ser realizadas pelo risco de osteopenia e osteoporose desses pacientes portadores de deficiência de testosterona severa. Além disso, pode haver a necessidade do uso de medicamentos para aumentar a densidade óssea. Mais ainda, muitos alimentos podem interferir no metabolismo da célula neoplásica reduzindo seu crescimento.

             

            Complicações metabólicas: A boa notícia para minimizá-las, tome 2 taças de vinho por dia

            Homens sem câncer que bebem álcool têm menor risco de câncer de próstata letal. Mais ainda:
            • Homens com câncer de próstata que bebem vinho tinto têm menor risco de progressão da doença letal.
            • Assim, se confirmou, 15 a 30 gramas de álcool após o diagnóstico de câncer de próstata está associado a menor risco de morte.

            Contudo, caso você queira saber mais sobre esta e outras doenças do trato gênito-urinário acesse a nossa área de conteúdo para pacientes para entender e ganhar conhecimentos. São mais de 145 artigos sobre diversos assuntos urológicos disponíveis para sua leitura. A cultura sempre faz a diferença. Você vai se surpreender!

             

            Referências

            https://uroweb.org/guideline/prostate-cancer/

            https://www.nccn.org/professionals/physician_gls/pdf/prostate.pdf